A nossa cultura vem sendo moldada por visões seculares. Sem querer, acabamos absorvendo a ideia de que o pai é um personagem secundário na vida dos filhos. Você já percebeu que até o Dia dos Namorados vende mais do que o Dia dos Pais? De modo geral, quando falamos em criação dos filhos, o papel da mãe é o que sempre predomina nas discussões. A paternidade na vida dos filhos possui um impacto crucial para o desenvolvimento deles.
Os homens estão aceitando esse lugar secundário e isso é muito preocupante. Na verdade, é uma ideologia que não condiz com o cristianismo. Quando Jesus orou o “Pai Nosso” e apresentou o Deus Todo Poderoso como Pai, estabeleceu algo tão revolucionário, que os judeus rasgaram as vestes ao ouvir aquilo. Afinal, ao dizer que Ele é o nosso Pai, estamos dizendo que compartilhamos da natureza d’Ele. Isso era incompatível com a religião da época.
Temos um Pai presente
O nosso relacionamento não é com um pai distante, mas com um Pai presente que quer ter comunhão conosco. A imagem da paternidade foi completamente ressignificada. Mas o diabo não quer que tenhamos a imagem correta de Deus como nosso Pai. O diabo não nos quer olhando para Ele sem ruídos. Ele não quer ver a igreja se movendo debaixo da revelação de que somos filhos amados. Talvez, por isso, de alguma forma, o diabo tenha começado a nublar a imagem da paternidade como um todo, desde o mundo natural. Muitos crentes não conseguem enxergar o Senhor como um pai bondoso porque o referencial de pai em casa foi falho.
Isso já foi detectado na psicologia. Os nossos significados mais complexos resultam de nossas associações mais básicas, frutos das nossas vivências mais primárias. O diabo vai trabalhar para que o tipo de pai que você teve (muitas vezes ausente, omisso e sem afeto) seja a lente de como você verá o seu Pai Eterno. Isso é muito grave.
A Bíblia já nos mostra essa “transferência”, essa projeção de uma coisa em outra:
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Colossenses 2.16,17).
A figura do pai
A Antiga Aliança serviu de base para a Nova. Os rituais serviram de prenúncio para a graça. Da mesma forma, os tenros acontecimentos de sua vida moldarão muitas de suas visões futuras. A figura de pai é tão importante que a psicologia já entende ser a estrutura central do indivíduo. Muitos vivem com emoções prejudicadas pela ausência paterna.
A figura do pai é tão fundamental que interfere desde a concepção na identidade do filho. Na fecundação, é o gameta oriundo do homem que define o sexo do bebê. Freud, em sua carreira, defendeu que era impossível fugir da referência paterna na hora de copiar ou repelir padrões.
Se você é pai, saiba que se você é bruto, sem paciência, ignorante, está perdendo um lugar precioso e estratégico na vida de seus filhos. O diabo senta em cadeiras vazias. Se você como pai não está assumindo o papel que lhe cabe, alguma coisa entrará em seu lugar.
Agindo de forma intencional
É por essa razão que você precisa ser intencional na influência que exerce sobre o seu filho. Sabe como blindar a sua descendência? Vou dar aqui algumas dicas:
A primeira delas é o amor. Manter uma comunicação amorosa facilita a afirmação da identidade de quem você gerou. Filhos não são descartáveis. Se você deseja que eles entendam o amor incondicional de Deus, precisa mostrar que continua amando cada um deles mesmo quando erram. Já reparou que a criança que é recriminada começa a chorar, mas logo quer o colo dos pais? Eles estão procurando a reafirmação daquele amor paterno. Às vezes, na raiva e sem sabedoria, os pais rejeitam os filhos quando estão chateados. Isso vai alimentando uma autocondenação que pode prejudicar muito o relacionamento das crianças com Deus.
Mantendo uma boa comunicação
Nós somos fruto das declarações que ouvimos. Em diferentes momentos da vida de Jesus, Deus falava a mesma coisa sobre o Unigênito: “Filho amado que me alegra”. É importante manter uma comunicação de validação sobre os filhos, reafirmando que os ama e o potencial que eles têm, seja nas boas ou más performances.
A comunicação de apoio e segurança é outro aspecto fundamental: lidar com as escolas têm sido um desafio, os valores mudaram e nada é fácil para os nossos filhos. Sentir que os pais estão ali, observando, acompanhando e protegendo dá a eles muito mais segurança para se manterem firmes no que precisam fazer até que amadureçam.
Outro aspecto a ser observado é a necessidade de dirigir sozinho. Ou seja, é preciso ser um pai que reconhece as oportunidades de autonomia e incentiva os filhos a agirem com as próprias mãos. Existem pais e mães “aleijando” os filhos ao tomar a frente e fazer tudo por eles. Não sabem pegar um ônibus, não sabem comprar nada, nem fazer o próprio prato. Isso parece saudável? Nós somos aquilo pelo que passamos.
Reconfigurando as imagens
A imagem que você constrói na fonte, define a sua vida. Reconfigurar as imagens dentro de nós vai nos levar a uma revolução em nós mesmos. Deus espera de mim e de você que tenhamos uma visão correta de quem Ele é. Isso precisa ser construído não só em nós, como em nossa descendência.
Se você não recebeu essa referência em sua casa, construa a sua nova realidade a partir dos referenciais que o Senhor lhe deu. Diga “Eu sou amado, protegido! Aonde quer que eu vá, Ele está comigo. Nada é novo para o meu Pai e Ele nunca me abandona!”.
*Trechos da ministração do dia 27 de junho de 2023, na Escola de Pais.