por Augusto Sousa
*Pastor da Igreja Zoe, em Lisboa, Portugal.
Por muito tempo se ouve que o poder está na Palavra, mas podemos perceber, ao estudar as Escrituras, que o poder não está na Palavra, mas a Palavra está no poder. Quando o poder chega, a Palavra já está lá e ela vem para orientar o poder, para dizer o que eu vou fazer.
“Porque o reino de Deus consiste não em palavra, mas em poder” (I Coríntios 4.20).
“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder […]” (Hebreus 1.3).
Quando é dito que Deus, no princípio, criou os céus e a terra e que o Espírito d’Ele pairava sobre as águas, primeiro, vemos algo que aconteceu e depois se explica como aconteceu. Um exemplo disso é quando é citado que o homem foi criado e depois explica-se como foi criado.
Ao estudar sobre isso, descobrimos que se trata de um estilo antigo de escrita, onde se conta o que aconteceu e depois como aconteceu. Então, no princípio nada existia, apenas o poder de Deus que pairava, ou seja, o poder já estava lá, ele chegou primeiro do que a Palavra, mas nada aconteceu, até que a Palavra veio. Precisava de um comando, de uma instrução: “Haja luz!”.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandecia nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem”(João 1.1-9).
Lá no princípio, Deus dá um comando para a luz e aí sim as coisas começam a acontecer. Nós temos o poder de transformar as palavras em matéria. Se você crer, tudo é possível àquele que crer.
Há duas formas de nós fluirmos na fé: a fé que nos foi dada e o dom da fé. Sabemos que a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus. Ela vem pelo ouvir a respeito de Deus. A sua fé jamais irá além do seu conhecimento.
Basicamente, a fé é confiar em Deus e, dificilmente, vamos confiar em Deus se não conhecemos a Ele. É como conhecer uma outra pessoa nova e precisamos gastar tempo para conhecer, assim nasce a comunhão e então o conhecimento, nascendo após isso a confiança. É o que a Bíblia chama de “fé”. A fé bíblica não é no resultado ou na oração do nosso pastor, mas, sim, em Deus. Se sua fé não está firmada em Deus, isso não é fé, é religiosidade.
Também podemos operar na fé segundo o que foi dito, através do dom que é dado e administrado pelo Espírito. Não podemos simplesmente escolher operar no dom da fé. Quando nos é concedido mover no dom da fé, estaremos no âmbito daquilo que Deus prometeu fazer.
Existem muitos cristãos que estão misturando as coisas, afinal de contas, já que Deus pode, começam a acreditar em coisas surreais que Deus não prometeu. Devido a esses pensamentos misturados, existem muitos cristãos que estão com a corda no pescoço, entrando em situações desconfortáveis em nome da fé.
Precisamos usar a nossa fé naquilo que Deus prometeu que faria. Infelizmente, muitos cristãos declaram coisas exorbitantes de forma desequilibrada. Isso não é fé, isso é presunção.
Devemos colocar a nossa fé naquilo que Deus prometeu. Fé é inteligente. Todos os que estão citados em Hebreus 11 exerceram fé para cumprir aquilo que Deus os comissionou para fazer.
Quando a Palavra diz que o justo viverá pela fé, ele viverá pela fé que vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus. A sua necessidade não move a mão de Deus, pois se a sua necessidade movesse a mão de Deus, não haveria necessidade no mundo. O que move a mão de Deus, é nossa fé.
*Trechos da mensagem do dia 05 de fevereiro no 2023 no Culto de Celebração.