Ano de 1989. Eu era uma criança quando assisti à queda do muro de Berlim. Lembro-me de pessoas eufóricas, celebrando em cima do que sobrou dele. Segundo a Wikipédia, o Muro de Berlim foi uma barreira física construída pela Alemanha Oriental durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental.
Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: uma parte capitalista e a outra socialista. Ele contava com mais de 300 torres de observação e cerca elétrica com alarme ao longo de seus mais de 66 km de extensão.
O Brasil vive um tempo de tensão às vésperas de mais uma eleição presidencial, e é muito fácil notar a polarização política do cenário atual. Nesse contexto, de forma sutil, à semelhança do que ocorreu no muro de Berlim, “muros” têm sido levantados entre as pessoas que estão em polos opostos nesse ambiente político, trazendo conflitos nos relacionamentos interpessoais.
Sabe-se que, dentro de uma democracia, é crucial respeitar a escolha de quem pensa diferente! No processo de escolha, cada pessoa decide posicionar-se baseada em suas crenças, valores e forma de enxergar os diferentes aspectos da vida e sociedade, expressando-se através do voto.
“É importante pontuar que as pessoas enxergam a mesma coisa de formas diferentes umas das outras, e, por isso, existem divergências de opiniões sobre o mesmo assunto. No final, o que importa é ser coerente com aquilo que se acredita e respeitar quem pensa diferente! A falta desta compreensão tem levado muitos a se calarem para não serem julgados ou cancelados, com receio de defender o quê e em quem acreditam.”
Com esse comportamento, muito se perde, e esse sentimento de desunião tem entrado na igreja. Muitos cristãos têm deixado se levantar em seus corações divisórias e resistência a familiares, amigos, desconhecidos, que são igualmente importantes e amados por Deus. Relacionamentos têm sido enfraquecidos e destruídos por não se respeitar as escolhas e a opinião distinta da outra pessoa sem julgamentos, quando a bíblia diz claramente que esse sentimento de divisão é destrutivo para qualquer reino, inclusive para o Reino de Deus.
“Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir” (Marcos 3.22).
Provérbios 4.23 destaca que guardar o coração é a coisa mais importante que uma pessoa deve fazer, pois sua vida depende dos pensamentos e sentimentos que ali estão.
Hebreus 12.15 salienta que é necessária diligência em proteger sua alma, pois Deus cobrará a cada um por isso. Dessa forma, é fundamental que cada cristão exerça um patrulhamento ostensivo do que pensa em relação ao outro, assim como era feito no muro de Berlim, para não deixar “cair” em seu coração sentimentos errados, que destruirão a paz e a unidade do corpo de Cristo.
“Porque o próprio Cristo é nosso meio de obter a paz. Ele fez a paz entre nós, os judeus, e vocês, os gentios, fazendo de todos nós uma só família, derrubando a muralha de desprezo que nos separava” (Efésios 2.14).
Para esta eleição e para a vida, digo: defenda, sim, o que acredita, sem medo; posicione-se firme, perdoe se for desrespeitado e fique bem com sua consciência, em paz, mas não levante um “muro” deixando do outro lado dele as pessoas que você ama, e até quem não conhece, por pensarem diferente de você. Quem levanta uma divisa também fica sozinho do outro lado, e isolar-se, além de não ser bom, é perigoso, acima de tudo, para a saúde espiritual, assim como para a saúde física e emocional, como bem ensinou a pandemia para quem quis aprender.
E como diz o clichê: “É melhor ser feliz do que ter razão!” Além do mais, Provérbios 18.1
destaca que aquele que vive isolado busca seu próprio desejo; insurge-se contra a verdadeira sabedoria.
Olhando para as Escrituras, vemos que o que está no coração do Pai é muito mais para construir, em vez de muros, pontes, a fim de levarmos muitos a Cristo, reconciliando-os com Ele. A fé cristã deve estar alicerçada no amor, no que Cristo fez pelas pessoas. É olhando para o próximo, sob essa perspectiva, que as divergências de opiniões se tornam irrelevantes, pois Cristo, Ele mesmo, tornou a todos que acreditam n’Ele Sua justiça, relegando ao mar do esquecimento o que fizemos, tornando-nos aceitáveis a Deus, independentemente das nossas escolhas do passado. Portanto, se você quer construir algo nesse período, construa pontes!
por Janielle Medeiros (Graduada da Escola de Ministros Rhema)