
Líder da Coordenação de Jovens e Adolescentes do Ministério Verbo da Vida
Essa mensagem nasce de uma convicção: Deus quer nos levar a um lugar de profundidade no propósito. Ao preparar este conteúdo, percebi que ele ecoa princípios encontrados no livro Planos, Propósitos e Práticas, de Kenneth Hagin, que inclusive narra um episódio que muito me marcou. Ele conta que, certa vez, preparava uma ministração para um culto temático, com tudo cuidadosamente organizado, decoração, músicas, apresentações, mas quando subiu para pregar, o Espírito Santo lhe disse: “Você não vai pregar essa mensagem. Fale sobre cura e ore pelas pessoas.” Mesmo que aquilo contrariasse as expectativas do público, ele obedeceu, e o mover de Deus foi sobrenatural.
Esse episódio nos ensina algo fundamental: não estamos aqui para seguir o fluxo natural das coisas, mas para viver na profundidade do Espírito. Muitas vezes, achamos que já sabemos como fazer, que já dominamos determinadas práticas, mas Deus nos chama a depender inteiramente d’Ele, a reconhecer que sem a Sua presença não há fruto que permaneça.
Quem somos em Cristo?
O tema que o Senhor tem colocado no meu coração é justamente esse: profundos no propósito. E para isso, é necessário total atenção. Desconecte-se de tudo que pode te distrair. Permita que o Espírito Santo ministre ao seu coração.
A impressão que tenho é que, enquanto esta palavra é compartilhada, Deus vai tratar de assuntos específicos na vida de cada um. Não se trata apenas de ouvir conceitos, mas de receber direções claras, respostas, alinhamentos espirituais sobre o plano de Deus para sua vida.
Para isso, precisamos começar do princípio: compreender quem somos em Cristo. A Bíblia declara que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança. Houve um tempo em que essa conexão era perfeita, havia intimidade plena entre Deus e o ser humano. No entanto, o pecado rompeu essa comunhão. Aquele que peca se torna escravo do pecado, e, com isso, o domínio que o homem recebeu foi entregue a Satanás.
Faça Jesus conhecido
Mas desde o princípio, Deus revelou um plano de redenção. Em Gênesis, ao falar à serpente, Deus anunciou: “Vai nascer um que te ferirá a cabeça.” E esse foi Jesus, o Verbo que se fez carne, que habitou entre nós, que se entregou na cruz, assumindo sobre Si nossos pecados, dores, doenças, misérias, para que fôssemos feitos justiça de Deus.
Em Cristo, recebemos uma nova identidade. A Bíblia diz: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo.” Também está escrito: “Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus.” Isso não é apenas poesia. É uma verdade espiritual e legal, que define quem somos.
Mas aqui entra um ponto crucial: essa identidade carrega consigo um propósito. Não somos apenas feitos filhos de Deus para desfrutarmos disso de forma isolada. Somos chamados para anunciar as virtudes daquele que nos tirou das trevas e nos transportou para Sua maravilhosa luz. Existe um propósito geral para todo cristão: fazer Jesus conhecido. Nossa vida, nosso caráter, nosso testemunho, nossas palavras precisam refletir essa verdade.
Temos um propósito específico
Porém, além desse propósito geral, Deus também tem um plano específico para cada pessoa. E é justamente aqui que muitos se perdem. Estão conscientes do propósito geral, sabem que precisam fazer Jesus conhecido, mas não mergulham na descoberta do plano individual que o Senhor desenhou antes mesmo do seu nascimento.
O Salmo 139 diz que todos os nossos dias foram escritos no livro de Deus, antes que qualquer um deles existisse. Jeremias 1:5 reforça: “Antes que te formasse no ventre, eu te conheci; e antes que saísses da madre, te santifiquei.”
Talvez alguém pergunte: “Mas como isso é possível? Como Deus tem um plano específico para cada ser humano, vindo de contextos tão diferentes?” A resposta está em Romanos 11:33: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos!”
Não precisamos entender todos os detalhes. Precisamos crer. Crer que há um plano e decidir abraçá-lo.
Negue-se a si mesmo
Existe um grande risco em viver a vida dentro de um propósito correto, mas num plano errado. Kenneth Hagin narra, por exemplo, que pastoreou uma igreja por 12 anos dentro da vontade permissiva de Deus. Tudo estava bem: finanças, família, igreja. Mas havia um desconforto interior. Ao buscar ao Senhor, ouviu claramente: “Eu nunca te chamei para pastorear.” E isso o fez entender que, mesmo fazendo algo bom, não estava cumprindo o plano que Deus tinha para ele.
Por isso, não se deixe enganar apenas por circunstâncias externas favoráveis. Ter estabilidade financeira, estar confortável ou ser aplaudido pelas pessoas não é, necessariamente, sinal de que você está no centro da vontade de Deus. Da mesma forma, passar por desafios, lutas, perseguições ou escassez também não significa que você está fora do plano divino. O próprio apóstolo Paulo enfrentou prisões, naufrágios, apedrejamentos e ainda assim estava exatamente onde Deus o queria.
Existe uma frase que gosto muito: “Prefiro o desconforto dos desafios dentro do plano de Deus do que a comodidade da mediocridade fora dele.” A proposta do Evangelho é clara: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”
Recalcule a rota
Cada pessoa precisa buscar essa resposta diretamente no Senhor. Não é algo que um líder, um pastor, ou qualquer pessoa possa te entregar. É fruto de oração, de consagração, de intimidade. Salmo 127 diz: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam.” Qualquer coisa feita fora do plano de Deus é, no mínimo, ineficiente e, no máximo, fracassada. Por isso, essa é uma convocação à reflexão, à reavaliação, à busca sincera.
Deus já deu o Seu passo. Enviou Jesus, nos deu o Espírito Santo, nos selou com Sua presença. Agora, o próximo passo é nosso: buscar, perguntar, ouvir, alinhar. E, às vezes, Deus não revela todo o mapa, mas apenas a próxima direção. Cabe a nós sermos fiéis a essa primeira instrução. À medida que damos passos de obediência, novos horizontes se abrem.
O plano de Deus não é sustentado por ansiedade. É sustentado pela confiança. Pela fé. O convite é simples, mas profundo: abandone seus próprios planos. Recalcule a rota. E abrace, sem reservas, o plano que Deus desenhou para sua vida.
*Trechos da mensagem do dia 14 de junho de 2025, no Culto de Jovens.

