
Professora do Centro de Treinamento Bíblico Rhema
Através da passagem “Educa a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele” (Provérbios 22:6), somos conduzidos ao entendimento do verbo instruir. Construindo essa habilidade de forma sistemática, o ensino da criança se assemelha ao ato de se dedicar a instruí-la.
Quando olhamos para o Antigo Testamento, vemos que a responsabilidade era direcionada somente aos pais: “Guardem sempre no coração as leis que eu lhes estou dando hoje e não deixem de ensiná-las aos seus filhos. Repitam essas leis em casa e fora de casa, quando se deitarem e quando se levantarem” (Deuteronômio 6:6-7).
O treinamento por parte da família é um ato de agir ordenadamente, guiando a criança, quer estejamos em casa, quer não. A perspectiva é que a família faça da palavra do Senhor seu alimento, sendo exemplo e conduzindo a criança nesse caminho, dedicando-se à Palavra.
O ensino para as crianças
Nos tempos de Jesus, essa responsabilidade já era dividida entre os pais e os líderes religiosos. A Bíblia menciona que Jesus ouvia e indagava os mestres da lei, demonstrando que — quando as crianças tinham oportunidades — procuravam conhecimento nas sinagogas, nas escolas dos rabinos. Elas eram instruídas nos ambientes religiosos, consolidando a liderança religiosa como autoridade para ensinar crianças.
“Quando já estavam em casa, os discípulos tornaram a fazer perguntas sobre esse assunto. E Jesus respondeu: — O homem que mandar a sua esposa embora e casar com outra mulher estará cometendo adultério contra a sua esposa. E, se a mulher mandar o seu marido embora e casar com outro homem, ela também estará cometendo adultério. Depois disso, algumas pessoas levaram as suas crianças a Jesus para que ele as abençoasse, mas os discípulos repreenderam aquelas pessoas” (Marcos 10:13-16).
Um lugar de influência
A criança fora de um ambiente familiar saudável, maduro e alicerçado na Palavra deve ser trazida para um ambiente de influência. As crianças eram levadas a Jesus para receber dEle. Elas eram preciosas para Jesus; por isso, Ele repreendeu quem queria impedir que se aproximassem. O “deixai vir” de Jesus tem um significado metafórico: não apenas de aproximação física, mas de inserção em um lugar de influência.
Dentro desse contexto das crianças se encontrando com Jesus, através dos ensinamentos dos pais e da influência da Palavra, percebemos que, para uma família estruturada, madura espiritualmente e consciente de seu propósito, o departamento infantil funciona como uma extensão do ambiente de influência. No caso de famílias que ainda não proporcionam esse ambiente de ensino, o Departamento Infantil atua como única oportunidade para a criança se conectar com Deus.
“Pois, para o Senhor Deus, ele será um grande homem. Não deverá beber vinho nem cerveja. Será cheio do Espírito Santo desde o nascimento e levará muitos israelitas ao Senhor, o Deus de Israel. Ele será mandado por Deus como mensageiro e será forte e poderoso como o profeta Elias. Fará com que pais e filhos façam as pazes e que os desobedientes voltem a andar no caminho direito. E conseguirá preparar o povo de Israel para a vinda do Senhor” (Lucas 1:15-17).
Somos uma voz para as crianças
João Batista atuava no espírito e no poder de Elias, inserido historicamente na condição em que a nação de Israel estava desviada — adorando Baal —, e as famílias sacrificavam seus filhos em altares idólatras. Isto é, ele eliminava esse contexto idólatra com fogo, convertendo os corações dos pais aos filhos, restaurando famílias e trazendo o sentimento de arrependimento, preparando o povo para Jesus. Nós, como igreja, estamos anunciando a segunda vinda de Cristo, assim como João Batista anunciou a primeira.
Como corpo de Cristo — e não apenas como instituição —, temos um olhar diferente de uma escola secular, não limitando o escopo da atuação a apenas tutoria, mas sendo pais espirituais de crianças que não têm essa referência divina em seus lares. Assim, a Igreja, agora cheia do Espírito Santo, pode atuar na nova geração, moldando as crianças no caminho.
Por fim, somos João Batista para esta geração. Somos uma voz para eles, combatendo a ruptura familiar em todas as esferas da sociedade, enfrentando a desvalorização da família, a quebra da sexualidade das crianças, a expansão do feminismo, a legalização do aborto e a desconstrução dos conceitos e valores cristãos.
*Trechos da mensagem do dia 25 de abril de 2025, na Conferência Privilégio.