
Integrante da Coordenação doutrinária do Ministério Verbo da Vida.
A palavra grega traduzida como “mediador”, mesités, refere-se a alguém que atua entre duas partes com o propósito de intermediar e garantir um acordo. A leitura dos capítulos 7 a 10 do livro de Hebreus coloca o foco em Jesus como mediador de uma aliança que só foi estabelecida por causa d’Ele — por causa de Sua morte, sepultamento e ida às regiões inferiores da terra. Ele foi ao Santo dos Santos celestial para apresentar Seu sangue e Sua vida como oferta de redenção.
“Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores” (Hebreus 8.6).
Todos os anos, o problema do pecado precisava ser tratado novamente, mas com uma única oferta, Ele estabeleceu uma aliança única e eterna. Essa nova aliança é anunciada por Jesus na última ceia, conforme registrado em Mateus 26.28. E não apenas foi anunciada, como também foi selada com o sangue de nosso Senhor Jesus.
Fomos redimidos
“Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mateus 26.28).
Esse sangue foi derramado para nos redimir, para o perdão dos nossos pecados!
“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (I Coríntios 15.17).
Para nós, crentes, a salvação vem do fato de crermos que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos. É uma questão de fé, mas, ao mesmo tempo, um fato histórico: a ressurreição pode ser comprovada, e dela resultam a justificação, a salvação e a nossa redenção em Cristo Jesus.
Segundo as Escrituras, Ele foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia.
Desde o Getsêmani, conforme descrito por Lucas, o Evangelho é claro quanto ao sofrimento e agonia que Jesus enfrentou. A medicina reconhece essa condição como hematidrose, na qual, sob extrema angústia, vasos sanguíneos se rompem e se misturam ao suor, gerando gotas de sangue.
Ele é nosso substituto
O açoite romano era brutal. Eles eram especialistas em tirar vidas. Os soldados aplicavam, em média, 39 chicotadas — e esse número podia ser ultrapassado, dependendo do humor do carrasco. Muitos morriam antes mesmo de chegar à crucificação, tamanha era a crueldade. Os órgãos, por vezes, ficavam expostos, tamanha a violência.
Na crucificação, os pulsos eram perfurados na parte horizontal da cruz, pois se fossem pelas palmas das mãos, elas se rasgariam. Era nos pulsos, atingindo o nervo ulnar. Imagine um prego romano atingindo esse nervo! A dor foi tão intensa que uma nova palavra precisou ser criada: “dor excruciante” — ou seja, uma dor que vem da cruz.
Ele morreu, segundo as Escrituras. Não havia como sair vivo daquela situação. Para quem ridiculariza a fé cristã, é importante lembrar que os romanos eram especialistas em executar pessoas, e a crucificação era um método implacável. Mas o que acontece ali não se resume à brutalidade física. Espiritualmente, Ele é nosso substituto. O Justo morreu pelos injustos. Foi separado de Deus por causa dos nossos pecados. Ele não levou os próprios pecados, mas foi feito pecado por nós.
Fomos reconciliados
A consequência espiritual era que maldito seria todo aquele pendurado no madeiro. Não foi Satanás quem O pregou ali, mas o próprio Deus, encarnado em Jesus, para nos salvar. Ele estava ali, vendo a mim e a você reconciliados, e anunciou a morte do Senhor até que Ele venha.
Ele morreu e, ao morrer fisicamente, o homem interior deixou o tabernáculo, o corpo. Subiu acima de todos os céus, mas antes desceu às regiões inferiores da terra, em espírito. Não temos clareza de tudo que ocorreu ali, mas sabemos que Ele estaria três dias e três noites no coração da Terra — e também sabemos com clareza que Ele ressuscitou e não foi deixado no Hades.
Deus O ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois a morte não tinha autoridade legal para manter Jesus em julgamento. Ele não tinha pecados; pagou pelas nossas transgressões. Ele estava lá por nossa causa.
É por isso que em Apocalipse está escrito: “Eu sou aquele que vive”. Ele não foi deixado no Hades.
Ele é a primícia!
Em I Coríntios 15, Paulo enfrenta ataques à fé cristã. Ele afirma: se Cristo não ressuscitou, nossa fé é vã, e ainda estamos mortos em nossos pecados. Se a nossa esperança se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Jesus ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. A fé cristã tem um fundamento: Cristo. Sem a ressurreição, nossa fé desmorona.
Ao longo da história, a crença no túmulo vazio foi muito atacada. Mas pense comigo de forma lógica: Jesus foi morto e sepultado em Jerusalém — uma cidade pequena. Todos sabiam quem Ele era. A crença na ressurreição não surgiu em outra cidade, mas na mesma em que Ele foi crucificado brutalmente.
Você acha que, se Ele não tivesse ressuscitado, o Sinédrio não teria exumado o corpo para provar o contrário? Eles enlouqueceram quando viram que Ele havia ressuscitado! Não há tumba, não há restos mortais — porque Ele ressuscitou. Se a ressurreição fosse mentira, teria sido desmentida ali mesmo, mas não foi. Todos que O viram ousaram afirmar e testemunhar.
O túmulo está vazio
Alguns filósofos apontaram contradições nos quatro evangelhos. Um deles chegou a afirmar que não se pode compará-los. Mas um estudioso os colocou lado a lado e viu que, apesar das diferenças de perspectiva, todos relatam a mesma verdade: o túmulo está vazio. A divergência nos relatos atua, na verdade, como prova de autenticidade. Marcos, Lucas, João e Mateus não combinaram suas versões. São testemunhos autorais, verdadeiros — cada um relatando o que viu.
Eles não esconderam nem mesmo as verdades que poderiam ser constrangedoras. Por exemplo, o fato de as mulheres terem sido as primeiras testemunhas da ressurreição. Isso era embaraçoso naquela cultura, pois o testemunho feminino não era valorizado. Ainda assim, eles registraram o fato.
Pedro, por sua vez, não se considerou digno de morrer como Jesus e pediu para ser crucificado de cabeça para baixo. Por quê? Porque ele viu as provas. E Paulo, perseguidor da igreja, tornou-se apóstolo e missionário. Por quê? Porque o túmulo está vazio! Os discípulos não pregaram por promessas de mansões, mas mesmo sob perseguição e morte, creram e proclamaram a vida.
O Santo dos Santos
Ao som da trombeta, os corpos se levantarão, e seremos revestidos de incorruptibilidade, porque Ele ressuscitou e virá nos buscar. O livro de Hebreus explica o que os evangelhos não detalharam: Cristo entrou no Santo dos Santos uma única vez, com Seu próprio sangue, e obteve eterna redenção.
No dia da expiação, dois bodes eram separados: um era enviado ao deserto, simbolizando o pecado levado para longe; o outro, puro, era sacrificado, e seu sangue aspergido para simbolizar a purificação do povo por um ano. Mas nenhuma vida animal se compara à de Cristo. Ele apresentou Sua própria vida! Não foi sangue de bodes, touros ou bezerros — foi o Seu sangue, que garantiu redenção eterna.
É por isso que testemunharemos pelos séculos vindouros: uma nova aliança foi selada. Ele foi sepultado, mas não foi deixado no Hades. Ele foi ao tabernáculo celestial e apresentou Sua vida para nos garantir eterna redenção.
*Trechos da mensagem do dia 06 de abril de 2025, no Culto de Celebração.